19 de set. de 2007

Voa Jorge voa.

Por: Ziba
www.assuntei.blogspot.com


Jorge Meneses deixou sua viola de lado, e a "cultaiada" não quis mais saber dele, e os novos cults quiseram saber tempos depois, descobrindo o tão aclamado "A Tábua de esmeralda", porém pouco se fala da carreira e da influência que o bandleader da Banda do Zé Pretinho exerceu na música negra brasileira.
A África temática sempre presente na carreira de Jorge Ben foi alinhada com samba e um toque de seu grande ídolo João Gilberto, o jeitinho de se expressar ímpar, culminava com sua forma moderna de tocar violão, a musicalidade era tão difícil de ser definida que seus primeiros discos foram gravados com um grupo de Jazz, Meirelles e os Copa 5.
E logo então "Mas que nada" virou hit, rapidamente Jorge Ben era presença constante em festivais de música da época, sua batida de violão marcante dizia a quê ele vinha, o som cheio de suingue e balanço, caracterizavam um instrumentista diferente, cronologicamente o início dos anos 60 foi marcado por seu estilo MPB fora do comum, até a entrada para um tipo de música indefinível, olhos de fã à parte, vejo até rock em alguns discos, e isso se estende até meados dos anos 70, quando no Disco África Brasil ele troca o violão pela guitarra, daí vem aquela pergunta que martela na cabeça de críticos, porque ele fez isso?
Talvez pela tendência pelo desconhecido que sempre foi recorrente em sua carreira, alguém que buscava sempre o novo, julgá-lo por isso? Não. Deixar de gostar por isso? Também não. E ele não se saiu mal em sua mudança brusca, a essência africana permanecia, vide "Cavaleiro do cavalo imaculado", do próprio disco anteriormente citado, vejo que a crítica o enxergava como o menino Jorge que sussurrava bonito e arranjava como ninguém, sua genialidade foi colocada à prova, seria ele tão bom com a guitarra assim?
Não, não seria, mas era genial ainda, era nítido que pro contexto popular a relevância dos seus acordes ficou em segundo plano, vinda a incompreensão, ele foi balançar a galera também fora do país, "soltando o pavão" na gringa, metalizando seu som e abrindo mais a boca para cantar
W/Brasil chegou com os anos 90, e o povo abraçou, evidenciando jabá da mídia ou não, estava lá o Babulina cantando para quem sempre o ouviu, o povo, o povo que sofreu mutações musicais e culturais, mas quem se moldou ao tempo foi o gênio, e a essência continua, favela, morro, e a música que rola lá, Spyro Gyro e W/Brasil talvez não sejam tão tocantes nos quesitos criação e inspiração, mas igualmente faziam balançar um bocado de gente, antes falava do Flamengo e era o malandro da Tereza, depois veio o funk e o surfista de trem, bancou o preço de mudar tanto de lado, mas sempre produzindo algo sincero, e como diversos bons artistas brazucas, é mais reconhecido fora de sua pátria.
Intriga-me bastante o questionamento imposto por alguns a respeito de sua mudança, ainda que eu goste de ficar abismado ouvindo a pancadaria do disco "O Bidú - Silêncio No Brooklin (1967)", tento enxergar de outra forma as diversas retomadas artísticas, acredito num processo completamente pessoal e tendencioso, que ele, Jorge, tenta chegar próximo da massa sempre, seja o instrumento, voz ou nome mencionado.

Salve Jorge Ben, salve simpatia, Salve Ben Jor.

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